domingo, 17 de outubro de 2010

Crise? Que crise? AAAAAAAAAAARRRRRRGGGGHHHH!

Certo, já ouvi falar zilhões de vezes que todo homem, quando vai se aproximando dos 40, questiona TUDO e TODOS, quer mudar de vida, de emprego, de sexo, fazer voo livre, rapel, descer corredeiras, trepar pulando numa perna só, etc, etc, etc. E do alto dos meus 38 e 4 meses, me vejo cada vez mais encaixado nesse "perfil científico": questiono tudo e mais um pouco, buscando respostas que, claro, não vão aparecer. Porque sequer sei fazer as perguntas direito.
Isso se torna ainda mais grave quando se trata de um geminiano se aproximando dos 40. E apesar de meu ascendente ariano garantir boas doses de decisão - ainda que a maior parte delas errada, admito -, o ponto de interrogação continua sendo o meu alvo. E a vontade de mudar, nem que seja um poltrona de um canto para outro da sala, vai batendo, batendo, batendo... até me exaurir de cansaço de tomar tanta porrada e sem nenhum efeito prático, a não ser me machucar mais e mais e mais.
Eu sei, o papo é "brabo" nesse retorno do Suburbana Copacabana, blog que criei há quase 10 anos e que durante muito tempo foi minha válvula de escape sobre a vida. O blog - ou melhor, minha inspiração - secou quando me mudei pra Santa Teresa. Achei que era sinal de amadurecimento. Que nada: foi conformismo mesmo, medo, desânimo... Foi ficar preso apenas aos aspectos práticos da vida, às contas a pagar, à preocupação de saber se vai dar pra entrar ou sair de casa em segurança - sim, amigos, tinha como vizinho o Morro dos Prazeres, e às vezes os "amigos do mal" insistiam em exibir suas armas - literalmente - em frente à minha casa. Nunca sofri nada lá. Mas vivia como se isso fosse acontecer a qualquer momento.
Mudamos e chegamos a Copa, a boa e velha Copacabana das velhinhas, das putas, dos travecos, dos michês, das famílias papai-e-mamãe, das famílias papai-e-papai - como a minha - e mamãe-e-mamãe, da solidão refletida numa mesa de pé-sujo naquela garrafa de cerveja que insiste em encher um único copo, de alguém que não tem alguém com quem conversar. E meu medo se transformou: do medo das armas que podiam atentar contra a minha vida e as das pessoas que amo para o medo da vida não estar sendo como deveria ser - ou como um dia previ, sonhei, idealizei, planejei ou simplesmente quis.
Perto dos 40? Não acredito que seja isso que me aflija. Também não descarto por completo. Só sei que tem vantagens nisso: volto a escrever sobre minhas dores, meus amores, minhas dúvidas, meus desesperos, minhas certezas. Como há 10 anos. Antes dos 30. E como quero fazer até morrer.
Beijos a todos e sejam bem-vindos a esse pedacinho do subúrbio a beira-mar.

Um comentário:

Gisele disse...

Que bom te ler novamente..
Com rock (Deep Purple)de fundo musical, pude me enxergar em tuas palavras.

A boa e velha Copa.. que nos preenche de uma forma, e de outra, nos faz questionar os vazios de nossa alma.

Mas a esta altura,(os 40) vc conseguiria localizar estes vazios estando em qualquer lugar do planeta.
Acredite-me.

O melhor de tudo, é que agora, quando as certezas chegam.. acomodam-se no peito da gente de maneira mais confortável.
Interessante observar como os sentimentos parecem mais fortes, e as certezas mais coerentes.

O melhor de tudo, é que não ficamos na janela vendo a vida passar.
Vivemos.. os 30..40.. e continuamos buscando mais e mais alimento para nossa tão particular "intensidade".

Beijo